Em mais um dia tenso no mercado financeiro, a moeda norte-americana ultrapassou R$ 2,83 e fechou no maior valor em mais de dez anos. O dólar comercial encerrou esta terça-feira (10) vendido a R$ 2,835 para venda, com alta de 2,12% (R$ 0,059). A cotação é a mais alta desde 1º de novembro de 2004, quando a divisa tinha fechado em R$ 2,854.
O dólar operou em alta durante todo o dia, mas a valorização acelerou depois das 11h, quando a cotação ultrapassou a barreira de R$ 2,80. Na máxima do dia, por volta das 15h, a moeda chegou a ser vendida a R$ 2,836. Nas horas seguintes, a cotação caiu para R$ 2,82, mas voltou a subir nos últimos minutos da sessão.
Com o desempenho de hoje, a moeda norte-americana acumula alta de 5,47% no mês e de 6,68% no ano. O euro também teve forte valorização, subindo 2,41% (R$ 0,075) e encerrando o dia a R$ 3,213.
O câmbio foi afetado não apenas por fatores internos, mas também por turbulências externas. A principal é a indicação de membros do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano), de que os juros nos Estados Unidos subirão em breve. Taxas mais altas nos países desenvolvidos diminuem os recursos para países emergentes, como o Brasil.
O mercado também está influenciado pela possibilidade de saída da Grécia da zona do euro. A duas semanas de o acordo de resgate expirar, o governo grego e os parceiros europeus preparam-se para vários encontros cruciais, que começam amanhã (11) com uma reunião extraordinária do Eurogrupo para tentar acertar posições.
Na quinta-feira (12), o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, participará, pela primeira vez, com os colegas europeus, de uma reunião informal de chefes de Estado e de Governo da União Europeia. No domingo (8), Tsipras apresentou no Parlamento o programa de governo do Syriza, que não prevê qualquer recuo das promessas eleitorais do partido de esquerda radical.
O outro foco de atenção foi a inflação na China, que subiu 0,8% em janeiro, o ritmo mais lento de crescimento em mais de cinco anos. O comportamento dos preços dá margem ao governo chinês para implementar mais estímulos à economia, mas os sinais de desaceleração afetam a confiança do segundo maior parceiro comercial do Brasil.